Sepultura e Luan Santana na Terra do Sol

-Sabe que eu te acho linda?
-Sei. E o que mais?
-Como assim “o que mais”?
-O que mais, ué. Fala o que mais.
-Ah, eu… eu gosto de você e…
-Tá, eu vou te ajudar. Me fala algo que eu nunca ouvi.
-Je veux être avec vous pour toujours.
-Que diabéisso?
-Je (eu) vu (quero) etrrr (estar) avéque (com) vú (você) purr (para) tujú (sempre).
-É, isso eu nunca tinha ouvido, mas você não me convenceu com esse blublublu.
-O que você quer que eu faça, então?
-Você iria no estádio do Corinthians comigo?
-O Porco que me perdoe, mas eu comprava os melhores lugares na numerada pra gente.
-Tá, e o show do Luan Santana?
-Que tem o show do Luan Santana?
-Cê ia comigo?
-Ah, ia.
-E no do Sepultura?
-Também.
-Mas prefere Luan ou Sepultura?
-Prefiro o que você for.
-E se meu pai disser que a filha dele não namora homem de brinco na orelha?
-Jogo eles fora na hora. De preferência naquelas lixeiras de palhaço, sabe? Eu gosto daquelas lixeiras de palhaço. Queria ter uma em casa.
-E se eu disser que lixeira de palhaço é coisa de criança?
-Ninguém aqui disse que gosta de lixeira de palhaço. Que gosto mais idiota!
-Olha… sabia que você tá quase me convencendo?
-Yes! Me dá um beijo agora?
-Calma, sai de perto um pouco. Tem mais uma. E se eu disser que a apropriação cultural é um mal da nossa sociedade?
-Bem, eu… não entendi.
-Você acha certo mulher branca usar turbante?
-Não vejo problema algum.
-E se eu achar errado?
-Aí tá errado.
-E se eu falar que beber Coca Cola é coisa de americano e que a gente só tem de beber aquele Dolly Citrus geladinho, 100% brasileiro?
-Aí nós vamos ter um problema.


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