O Natal é meu segundo feriado favorito do ano.
Das lembranças mais queridas que tenho dessa data estão as luzinhas enfeitando um famoso restaurante aqui de Jundiaí, onde eles cobriam a silhueta da casa com a iluminação natalina (eu e a Bia chamávamos o restaurante de Casa do Papai Noel nessa época) e o caminhão da Coca Cola que passava na avenida tocando o jingle de Natal.
Aliás, falando em Papai Noel, lembro até hoje de como deduzi que o bom velhinho não era real, ou, se fosse, não era ele que vinha pessoalmente me presentear durante a madrugada. Falavam que ele entrava em casa pela chaminé, dispositivo esse inexistente em minha casa. Tirando as portas trancadas, restava apenas uma pequena janela que abria pra frente.
O Bom Velhinho teria de ser do tamanho de um boneco Max Steel pra passar por ali.
Mesmo assim, essa descoberta da tenra infância não arranhou a minha paixão pelo Natal, tanto que esse sempre foi um dos dias mais aguardados do ano pra mim. Cheguei até a me vestir de Papai Noel quando tinha 20 anos, e foi uma experiência que, bem, feriu minha dignidade, mas me deixou um pouco mais rico, igualzinho uma profissão que eu e você acabamos de pensar. Essa mesmo! Produtor do programa do João Kléber.
Era uma noite de Natal como qualquer outra para minha família. Todo mundo reunido e dando risada naquele jantar que parece uma apresentação escolar, onde cada grupo apresenta seu trabalho (ou seu prato, no caso).
Sendo muito sincero com você, nunca fui 100% fã de pratos típicos natalinos. Até gosto um pouco, embora preferisse um churrascão, mas não fico de chatice com isso também. Ao invés de focar na comida, eu procurava formas alternativas de me divertir nas festas, o que acabou viabilizando essa linda história natalina.
Nesse dia, surgiu uma inédita fantasia de Papai Noel na casa dos meus tios. Não me lembro quem levou ou de onde surgiu a roupa, mas fiquei obcecado em encarnar o bom velhinho.
As crianças brincavam alegremente quando entra em cena um magro e cabeludo Noel. Houve silêncio entre elas e risos entre os adultos. O traje não era exatamente do meu tamanho (que já ultrapassava os 2 metros à época), o que conferia um ar esdrúxulo ao personagem.
Após algumas fotos com os recém fãs, recebo um desafio inesperado deles: correr pela rua desejando um Feliz Natal aos vizinhos. De gorro e barba de Noel. E cueca.
Conforme eu descia a rua saudando as demais famílias com um sonoro “HO! HO! HO! FELIIIIZ NATAAAAL!”, me passava à cabeça o que dizer caso fosse justamente abordado e preso pelas autoridades locais. Eu não consumo e já não consumia qualquer tipo de bebida alcoólica ou drogas, mas aceitei de bom grado que pensassem o contrário enquanto aquele Rafael disfarçado e seminu corria pelo quarteirão.
Natal é época de união. É época de sermos generosos com nossos semelhantes. Um tempo mágico, onde cada um oferece o melhor de si ao próximo. Fiquei muito feliz ao voltar para a casa dos meus tios e receber minha recompensa pelo entretenimento provido.
1 real para cada ano de vida.
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