O episódio começa com a câmera focada no celular de Tuco. Ele acaba de instalar um app de caronas. Sendo o representante jovem da série, Tuco logo vira um usuário e defensor ferrenho do aplicativo Uber, naquela pegada meio Viva La Revolución, meio “emagreça. Pergunte-me como”.
Nessa, o personagem de Lucio Mauro Filho conhece Peixoto, o motorista de Uber. Apesar do nome de gente velha (pra agradar os fãs de mais idade), Peixoto é um rapaz descolado, ligado nas novidades. Sugiro o ator Bruno de Luca para esta participação especial.
Quando descobre essa movimentação, Agostinho se sente traído pelo familiar e ameaçado pelo novo serviço. Carrara diz a Tuco que o Uber é errado, que não paga imposto, que ele está prejudicando um membro de sua própria família ao utilizar tal recurso, mas é interrompido por Lineu, dizendo que não quer briga em sua casa, e que se eles quiserem brigar, que o façam na rua.
De orgulhos feridos, Tuco e Agostinho vão discutindo em voz alta até a calçada, quando Peixoto estaciona seu carro do Uber, mostrando que conseguiu uma parceria com a pastelaria do Beiçola. Quem fechasse corrida com ele naquela tarde, ganhava um pastel quentinho. Agostinho fica fora de si e parte para a agressão, tirando Peixoto do carro aos pontapés. Ele é flagrado por um policial que passava por ali no momento (penso no ator Oscar Magrini para esta ponta). Carrara é preso, deixando Bebel e Nenê aos prantos. Aqui poderia tocar aquela cuíca típica das cenas de malandragem. Aquele “fué fué fué” meio debochado.
(Este é um bom momento para o intervalo comercial. Aliás, se alguma empresa quiser patrocinar este texto, fale comigo que eu coloco seu jabá aqui)
Agora que a coisa aperta, pois Lineu e Nenê devem decidir se vão ficar ao lado de Tuco ou ao lado do Agostinho. Quem foi provocado primeiro? Quem tem a razão? Vence o filho ou o marido da filha? É, amigo, nem Game of Thrones chega nesse nível de conflitos familiares. Segura essa, HBO! Lineu é melhor que Tywin Lannister.
Neste momento a alta cúpula da Rede Globo deve estar se perguntando “mas, Rafão, este é um humorístico leve e descontraído. Onde cê quer chegar com esse drama todo?”. Calma, diretores! Eu sei que estou escrevendo para A Grande Família e não para o programa do João Kléber. Sou um artista e preciso de espaço para respirar minha arte. Confiem no pai.
Continuando…
Sabendo que sua sina é suportar as loucuras de Agostinho, Lineu cria um plano. Ele decide se disfarçar e começa a realizar corridas de táxi se passando pelo genro (neste momento seria bacana ter uma pequena homenagem, tocando ao fundo uma versão instrumental da vinheta de abertura do Táxi do Gugu). Na cena seguinte, Bebel está se arrumando para o dia de visita na cadeia, quando Lineu diz que irá acompanhá-la. Chegando na penitenciária, ele revela a Agostinho que conseguiu o dinheiro para pagar sua fiança através do Táxi. Choro. Emoção. Risos pelo Lineu estar usando as roupas extravagantes do genro. Cuíca debochada de novo. Audiência.
Tuco decide usar novamente a tecnologia, mas desta vez para postar a comovente história de sua família nas redes sociais. O relato recebe tantos likes que chama a atenção do cantor Luan Santana (sei que o orçamento vai ficar mais caro, mas aí teremos de chamar o Ovelha pra economizar. Você que escolhe, Globo), que decide fazer um show na vizinhança para promover a paz entre uberistas e taxistas.
Durante o show, Carrara e Peixoto trocam pedidos de desculpas e se tornam amigos. Eu posso estar de figurante na plateia durante essa cena. Seria tipo o Stan Lee aparecendo nos filmes da Marvel. Todos cantando que tem gente que tem cheiro de rosa e de avelã, tem o perfume doce de toda manhã, e que você tem tudo, você tem muito. Final musical com tudo acabando bem. Funciona na Disney, funciona na Globo.
Os créditos sobem. Segundos de tela vazia. Chega um pós-crédito com o celular do Tuco sobre a mesa exibindo uma notificação de que já está disponível para download a nova versão do Popcorn Time.
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