Sobre ser rejeitado

sozinho

Rejeição e aceitação são coisas que fazem parte do nosso dia-a-dia. Você, por exemplo, pode ter rejeitado a ideia desse texto antes mesmo que eu estenda o raciocínio pelas próximas linhas, ou pode ter ficado curioso pra saber até onde a coisa vai. Essa é só uma das dezenas (ou centenas) de vezes que você vai optar positivamente ou negativamente por algo no dia de hoje. É algo tão comum quanto a piscada de olhos que você acabou de dar.

Apesar de serem pequenas e aparentemente insignificantes, essas decisões tomam uma proporção bem maior quando envolvem a gente. Saber que alguém rejeitou todo o conjunto de qualidades e atitudes que lhe custaram anos pra aprender é realmente dolorido na maioria dos casos. Uns mais, outros menos.

Vendo numa ótica maior, a gente opta por pessoas e situações com a mesma naturalidade com a qual somos “optados”. Você pode ser o protagonista da sua própria história, mas é, invariavelmente, coadjuvante em todas as outras (sem contar a esmagadora quantidade de histórias nas quais seu nome jamais será conhecido). Esse raciocínio nos dá um ângulo curioso sobre a humildade. Você pode ser tão bom quanto possível para um ser humano, mas ainda assim vai acabar sumindo da história de algumas pessoas tão rápido quanto entrou, frustrando qualquer expectativa de que todos que te cercam vão te aprovar incondicionalmente o tempo todo. É como oferecer comida, banho e emprego a um morador de rua ingrato. Se você já teve qualquer contato com esse tipo de gente, sabe que muitos não querem sair da decadência em que se encontram, pois, para esse grupo, está bom do jeito que está. Eles escolheram permanecer ali. Não dá pra forçar o processo. Você pode privar a pessoa de absolutamente tudo, menos de uma ideia fixa que ela tenha em mente.

Esses dias eu conversava com um amigo e ele me disse algo curioso sobre uma moça que conheceu algumas semanas atrás. Ele se espantou pois a moça foi simpática com ele. “Depois de ser tão chutado, quando a gente conhece alguém que nos trata bem e parece se preocupar com nosso bem estar, essa pessoa acaba parecendo fora do ‘padrão’ que a gente tá acostumado a lidar”, disse meu amigo. E é verdade.

Você pode conhecer profundamente as pessoas com quem conversa todos os dias (aquelas que te fazem usar o celular durante 70% do dia, saca?), mas é possível que nunca vai conseguir se colocar completamente na pele delas pra entender as decisões que tomam e a maneira que têm de pensar. Não tem a ver com intimidade e companheirismo, mas com vivência e circunstâncias, duas coisas particulares pra caramba. Infelizmente, não podemos controlar o que pensam da gente, sejam coisas boas ou ruim. Nossa “persuasão” se resume a sermos o melhor que podemos em todas as ocasiões e agirmos sempre com sinceridade. Ao ponto que não devemos agir passivamente, também não podemos colocar um peso gigante nas costas caso nossos esforços, aparentemente, tenham sido em vão.

Se eu posso te dar um conselho, digo pra levar as coisas com mais calma e com os dois olhos bem abertos (ou com 1 olho bem aberto, para os semi-cegos como eu). Muitas pessoas que a gente rejeita nunca fizeram nada de verdade contra nós. Da mesma forma, quem faz algo conscientemente contra a gente, muitas vezes está fazendo por não ter entendido nossas circunstâncias e, assim, julgando-nos dignos de uma atitude ruim que jamais fomos merecedores. São erros, mas erros honestos. Mesmo se tudo for merecido (e você não tiver sido tão “inocente” assim), ainda existe espaço para o perdão sincero e a reconciliação. Todo filme tem seus pontos baixos e seus vilões, mas essa não precisa ser a trama principal do longa-metragem da sua vida.

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